MORREU DE CONFUSÃO (autor anônimo) - por George Ney
Foi encontrado no bolso de um suicida a seguinte carta:
Ilmo. Sr. Delegado
Não culpe a ninguém pela minha morte
Deixei esta vida porque um dia a mais que eu vivesse
Acabaria morrendo louco.
Explico-lhe: Tive a desventura
De casar-me com uma viúva, a qual tinha uma filha,
Se eu soubesse disso, jamais teria casado.
Meu pai, para maior desgraça, era viúvo,
E quis a fatalidade que ele se enamorasse
E casasse com a filha de minha mulher.
Resultado daí que minha mulher
Tornou-se sogra de meu pai,
Minha enteada ficou sendo minha mãe,
E meu pai era ao mesmo tempo meu genro.
Após algum tempo
Minha filha trouxe ao mundo um menino
Que veio a ser meu irmão
Porém neto de minha mulher,
De maneira que fiquei sendo avô de meu irmão.
No decorrer do tempo,
Minha mulher deu à luz também a um menino
Que como irmão de minha mãe
Era cunhado de meu pai e tio de meu filho,
Passando a minha mulher a ser
Nora de sua própria filha.
Eu, Sr. Delegado,
Fiquei sendo pai de minha mãe,
Tornando-me irmão de meu pai e de meus filhos,
E minha mulher ficou sendo minha avó
Já que era mãe de minha mãe.
Assim acabei sendo avô de mim mesmo.
Portanto Sr. Delegado,
Resolvi desertar deste para outro mundo.
O Sofredor
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