ANTÔNIO LUÍZ VIANNA - UM HOMEM QUE NUNCA EXISTIU - Autor: Prof. Joatan Viana

Há 43 anos um nome ganhou registro nas páginas do livro Gente da Gente, um livro em que se conta a história da Família VIANNA, o autor nos recua na bússola do tempo aos fins do século XVIII onde tudo começa por volta de 1770.
Convido o leitor a fazer uma analise histórica desta obra, onde se destaca como personagem principal o filho de um austríaco com uma índia do litoral pernambucano, ANTÔNIO LUÍZ VIANNA assim foi chamado nosso protagonista de grandes atos de bravura e heroísmo.
O destemido mameluco ANTÔNIO LUIZ VIANNA surgiu de uma mente vetusta para agraciar o neto curioso que sempre perguntava ao avô qual seria a origem da família VIANNA? E pelo extensivo de páginas da obra GENTE DA GENTE tinta e papel não foram poupados para explicar que VIANNA seria uma tradução para a língua portuguesa de VIENNA, capital da Áustria, que segundo o autor originou o nome de nosso personagem central herdado de sua raiz paternal, o austríaco Hendrik Cavendish de VIENNA.
Vemos então a fantasia conduzir o surgimento de ANTÔNIO LUIZ VIANNA, um homem fictício que faz sua posse erigindo seu reduto feudal nas terras do sitio BATALHA (Lavras da Mangabeira) passando a ser chamado de ANTÔNIO LUIZ VIANNA DA BATALHA.
Sua fama ao empreender grandes levantes armados contra aqueles que impediam o “cresça e multiplique” com a imaginária e destemida Maria Gonçalves de Sales, que segundo o autor: era uma moça filha de um rico sesmeiro e principal oponente ao enlace, um fictício português chamado de Major Manoel Gonçalves de Sales, descrito como um homem de grandes posses territoriais concedidas pela coroa portuguesa.
OBS: Quero deixar claro que o registro dessa posse de sesmaria e o nome do sesmeiro são inexistentes nos documentos sesmarias da capitania do Ceará.
O nosso bravo herói vence todas as suas pelejas com sucesso, o autor nos notifica que este varão fez vasta descendência com o sobrenome VIANNA por meio do enlace matrimonial com a filha do dito sesmeiro português, gerando assim uma grande família que se fez habitar nos atuais territórios austrais do Ceará em especifico nos municípios de Lavras da Mangabeira e Cedro.
Contemporaneamente muitos membros da família VIANNA enchem-se de honradez, inflam o peito e orgulham-se de tão histórica ascendência familiar, realmente devemos agradecer ao autor do GENTE DA GENTE pela brilhante obra literária que congênere às obras de Machado de Assis e José de Alencar.
Nas 149 páginas inicias vemos o desenrolar de homens valentes, guerras, migrações, escravos, índios, portugueses, holandeses, austríaco e até lutas com onça, tudo fonte de um brilhante mente idílica e literária.

OBS: Não deixem de ler essa riqueza!

Em todo esse enredo de reflexões da parte histórica do livro GENTE DA GENTE, ressalto as palavras do avô do autor, que segundo ele nos diz: “lembrar que a verdade sobre este livro poderá ser comprovada facilmente com os próprios componentes da história como testemunhas” (COSTA, 1974, p.149).
Assim, seguindo o conselho de tão sábia vetustez, convido os leitores a construir uma nova versão, entretanto, diferenciada da anterior supracitada, vamos à busca de resgatar a mais inquestionável testemunha?
Eis que ela surgiu: o documento escrito, uma fonte sólida e de variadas vertentes que nos possibilita a escrever uma história com pessoas que deixaram suas marcas para a posteridade.
Avante caro leitor para a descoberta e o descortinar de uma nova origem para Família VIANNA.

ANTÔNIO LUIS VIANNA OU ANTÔNIO LUIS DE SANTANA?


Aos vinte sete dias do mês de abril de 1800 na fazenda Batalha feitas as denunciações que dispõem o Sagrado Concílio Tridentino sem apresentar impedimento algum canônico em presença do padre Frei José de São Hierônimo Pedroso, e das testemunhas João Pereira, casado e João Gregório, solteiro, de minha licença se casarão solenemente por palavras do presente ANTÔNIO LUÍS DE SANTANA filho natural de Angélica Rodrigues, natural do Cariri de fora da freguesia de Assú e morador na sobredita fazenda da Batalha, com BENTA MOREIRA filha legitima de Manoel Pinheiro Torres e Joana Esméria, já defunta, natural e moradora nesta freguesia e logo receberão as bênçãos na forma do rito romano foram examinados na doutrina cristã e para constar mandei lançar este assento e me assino. O Cura José de Almeida Machado”. (Cúria Diocesana de Iguatu)
          Podemos perceber com base neste documento que o sobrenome VIANNA não está ligado a Antônio Luiz que é “de Santana” e nem tão pouco a sua consorte Benta Moreira.

           Então, um questionamento: Qual a relação entre o casal Antônio Luiz e Benta com o sobrenome VIANNA? Só temos um meio para saber, relacionando os filhos deste casal.

ANTÔNIO LUÍZ DE SANTANA com BENTA MOREIRA geraram:

1-    José Pinto da Fonseca ∞ Benta Moreira do Avelar
2-    Bernardo José da Fonseca ∞ Tereza Joaquina de Jesus
3-    Manoel Antônio Pinheiro Torres ∞ Isabel Pinheiro da Encarnação
4-    Tereza de Jesus Torres ∞ Alexandre José Marques.
5-    Benta Moreira do Avelar ∞ Alexandre José do Nascimento.
6-    Joana Esméria do Espirito Santo ∞ José Gonçalves VIANNA.
7-    Angélica Maria da Fonseca ∞ José de Lucena Caminha.

 A relação dos filhos do casal acima é informação segura e foi extraída do inventário de Antônio Luiz de Santana feito em 1859.

 Observem que a única referência ao sobrenome VIANNA está em um dos genros de Antônio Luís.

            E para os leitores deste texto que confiam no documento escrito como fonte inquestionável, observem a imagem abaixo, um fragmento contendo a assinatura de Antônio Luiz de Santana.



Assinatura de ANTÔNIO LUÍZ DE SANTANA extraída do inventário de sua filha Joana Esméria, falecida em 1835.
(APEC-ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ)

             Pergunto aos ávidos leitores, quem tem mais possibilidade de uma existência? Antônio Luiz VIANNA da Batalha ou Antônio Luiz de SANTANA da Batalha? Ao julgamento destes homens deixo nas mãos dos que irão ler e comentar a postagem deste texto.


Comentários

  1. A mentira só tem lugar na história, enquanto a verdade não chega. Contra fatos, não há argumentos!

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  2. Primo, que pesquisa brilhante e envolvente,quando fui aí conhecer vocês trouxe o livro Gente da gente para meu pai, recordo dele lendo com avidez e tecia comentários dizendo que havia passagens que não condizia com a verdade, que bom saber que você desvendou muito sobre nossa origem.
    Há agora entendi o pq do Cadevendish.... Kkkkkkk.
    Beijos

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